195 ANOS DE FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL – UMA SÍNTESE

by Grão-Mestre Adjunto
195 ANOS DE FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL – UMA SÍNTESE
Primeiramente, precisamos ressaltar que a história da Maçonaria Brasileira é indissociável da história do Brasil. Sendo que, os traços maçônicos em nossa sociedade são encontrados, segundo Kurt Prober, desde o ano 1724, o que nos permite deduzir que, a História da Maçonaria no Brasil tem cerca de 293 anos.
Embora a Maçonaria não fosse organizada ou sistematizada no início do seu surgimento no Brasil, suas ideias e princípios se fizeram presentes e foram difundidos por alguns maçons da época, através de praticamente todas as organizações secretas que antecederam a criação de Lojas Maçônicas em nosso País.
Dessa forma, reiteramos que, embora não tivéssemos ainda a organização de Loja Maçônica, havia algumas organizações com finalidade políticas e ideais libertários ou mesmo literárias, através das quais os princípios e espírito maçônicos já se faziam presente, uma vez que, em todas essas sociedades, tínhamos a participação de maçons.
Quando falamos em Maçonaria organizada faz-se necessário lembrar que, o Templo Maçônico só foi introduzido, tal como hoje conhecemos, em 1776 pela Grande Loja de Londres, leia-se Grande Loja Unida da Inglaterra, enquanto que no Brasil, só há que falar em Templo Maçônico a partir do século XIX.
Assim, destacamos algumas dessas principais organizações:
1736: Academia dos Felizes – Rio de Janeiro;
1752: Academia dos Seletos – Rio de Janeiro;
1759: Academia Científica – Bahia;
1786: Sociedade Literária do Rio de Janeiro – RJ;
1786: Clube dos Inconfidentes – Ouro Preto/ MG;
1796: Areópago de Itambé – Pernambuco;
1797: “Loja” Cavaleiros da Luz – Bahia;
1800: Loja Maçônica União – Niterói/ RJ;
1801: Instalação da Loja Reunião, sucessora da Loja União;
Várias outras Lojas foram fundadas, mas sem as formalidades ou duração…antes de 15/11/1815.
A Maçonaria possui quase três séculos de história no Brasil e, desse período, o Grande Oriente do Brasil registra quase dois séculos, uma vez que completou em 17 de Junho de 2017, 195 anos de fundação, dos quais permaneceu 156 no Rio de Janeiro e, destes, 136 anos só no Palácio do Lavradio.
Cabe destacar que, a fundação do Grande Oriente do Brasil antecede a um dos mais importantes acontecimentos da história do Brasil: a Independência, efetivada a 07 de Setembro de 1822, por D. Pedro I, que veio a ser Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, em 04 de outubro do mesmo ano, substituindo José Bonifácio, primeiro Grão-Mestre. Isso nos permite dizer que a história do GOB é marcada, desde seu início, por grandes acontecimentos, os quais foram todos liderados por maçons.
Ressaltamos ainda que, em 1822, quando a campanha pela Independência do Brasil se tornava mais intensa, é que iria ser criada, com as formalidades de praxe, a primeira Potência Maçônica do país, com propósitos nacionais. Assim, surgia o Grande Oriente do Brasil, que inicialmente recebera o nome de Grande Oriente Brasiliano ou Brasílico, segundo alguns autores.
Lembramos também que, no ano de 1813 fora fundado o Grande Oriente Brasileiro, formado por quatro Lojas, sendo três da Bahia e uma do Rio de Janeiro, sendo seu Grão-Mestre, o Irmão Antônio Carlos de Andrade e Silva.
O Grande Oriente do Brasil se tornou uma Obediência extremamente organizada, com Jurisdição nacional e que teve, inicialmente, como uma de suas principais incumbências, levar a cabo o processo de emancipação política brasileira.
Dessa forma, reiteramos que, a partir do desdobramento da Loja Maçônica Commercio e Artes Nº 001, fundada em 15/11/1815, em mais duas Lojas: União e Tranquilidade Nº 002; e Esperança de Nictheróy Nº 003, em 17 de Junho de 1822, foi fundado o Grande Oriente do Brasil, que mais tarde se tornou a maior Potência Maçônica regular e reconhecida da América Latina.
Os primeiros líderes da Maçonaria do Grande Oriente do Brasil foram José Bonifácio de Andrada e Silva, ministro do Reino e de Estrangeiros e Joaquim Gonçalves Ledo, Primeiro Vigilante. Ainda, como citamos anteriormente, após a declaração de Independência do Brasil em 07/ 09/ 1822, o então príncipe regente D. Pedro I, cujo nome maçônico era Guatimozim, sucedeu a José Bonifácio, tornando-se o segundo Grão-Mestre do GOB, em 04 de Outubro de 1822, sendo coroado logo em seguida, em 12 daquele mesmo mês.
Contudo, em 25 de outubro de 1822, os trabalhos do Grande Oriente do Brasil foram suspensos por D. Pedro I, devido à instabilidade dos primeiros dias de nação independente, bem como a rivalidade política entre os grupos de José Bonifácio e de Gonçalves Ledo, que se destacavam ao lado de José Clemente Pereira e do Cônego Januário da Cunha Barbosa, como os principais líderes dos maçons. Há que ser registrado que, D. Pedro ficou apenas 21 dias como Grão-Mestre.
Vale ressaltar que, José Bonifácio era monarquista e Gonçalves Ledo, republicano, porém, ambos foram a favor da Independência do Brasil.
É importante destacar que, após suspensas todas as atividades maçônicas no país, por ordem do imperador, somente em novembro de 1831, após a abdicação de D. Pedro I, que ocorreu em 07 e abril daquele ano, ou seja, cerca de nove anos depois, foi que os trabalhos maçônicos retornaram com força e vigor. Com isso, realizou-se, inclusive, a reinstalação da Obediência, sob o título de Grande Oriente do Brasil, que desde então, nunca mais suspendeu as suas atividades.
Instalado no Palácio Maçônico do Lavradio, no Rio de Janeiro, de 1842 até 1978 (ou seja, cerca de 136 anos só no Lavradio) e com Lojas em praticamente todo o país, o Grande Oriente do Brasil logo se tornou um participante ativo em todas as grandes conquistas políticas e sociais do povo brasileiro. Toda essa expressiva atuação do Grande Oriente do Brasil faz com que sua História se confunda com a própria História do Brasil, principalmente com os principais acontecimentos ocorridos na cidade do Rio de Janeiro, pois, como dissemos anteriormente, dos 195 anos de sua fundação, o GOB permaneceu 156 no Rio de Janeiro e, destes, 136 anos só no Palácio do Lavradio.
Assim, através de homens de alto espírito público, colocados em patamares importantes da atividade humana, principalmente em segmentos formadores de opinião, como as Classes Liberais, o Jornalismo e as Forças Armadas, principalmente, o Exército, o GOB registrou seu nome na História do Brasil.
Ressaltamos que, o Grande Oriente do Brasil teve, a partir da metade do século XIX, atuação marcante em diversas campanhas sociais e cívicas da nação. Nesse sentido, além da atuação pela Independência, destacamos também, sua importante ação na campanha abolicionista no país, através da qual conseguiu a aprovação de leis que combateram, paulatinamente, o escravagismo, culminando na Abolição da Escravatura, em 13 de maio de 1888.
Dessa forma, podemos destacar que o Grande Oriente do Brasil teve contribuição direta na promulgação de leis que auxiliaram o processo de consolidação da abolição da escravatura no país, sendo elas: a Lei de Proibição do Tráfico de Escravos; Lei do Ventre Livre; Lei do Sexagenário; e a própria Lei Áurea.
Salientamos ainda a importante atuação de José Clemente Pereira, um dos grandes maçons do GOB, junto ao processo de Abolição da Escravatura, uma vez que, é de sua autoria o primeiro projeto de abolição, apresentado em 1826.
Vale lembrar ainda que, a Campanha Republicana, que pretendia evitar um terceiro reinado no Brasil e o colocar na mesma situação das demais nações centro e sul americanas, também contou com intenso trabalho maçônico de divulgação dos ideais da República, nas Lojas e nos Clubes Republicanos, espalhados por todo o país.
Desse período, destacamos, tanto na história do Brasil quanto na do próprio GOB, a importante atuação do maçom Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente da República, que também viria a ser Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil; sendo que, durante o primeiro, o gabinete da presidência era composto apenas por maçons.
No início do Brasil República, foi notória a participação do Grande Oriente do Brasil na evolução da política nacional, por exemplo, através de vários presidentes maçons: além de Deodoro, tivemos Marechal Floriano Peixoto, Prudente de Morais, Campos Sales, Rodriguez Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Braz Pereira Gomes, Washington Luiz, João Café Filho, Jânio da Silva Quadros e Michel Temer.
Destacamos também, a atuação do Grande Oriente do Brasil durante a 1ª Grande Guerra Mundial (1914 – 1918), que apoiava a entrada do Brasil no conflito, ao lado das nações amigas; e que, mesmo antes dessa entrada, já enviava contribuições financeiras à Maçonaria Francesa, destinadas ao socorro das vítimas da guerra.
Ressaltamos ainda que, mesmo com uma cisão ocorrida em 1927, que originou as Grandes Lojas Maçônicas Estaduais brasileiras, o Grande Oriente do Brasil continuou como ponta-de-lança da Maçonaria em nosso país e com forte atuação em diversas questões nacionais. Outra cisão ocorreu em 1973, a qual originou os Grandes Orientes Independentes.
Lembramos que, com a transferência da Capital do país, do Rio de Janeiro para Brasília, ocorrida no dia 21 de abril de 1960, a Constituição do Grande Oriente do Brasil, de 1967, estabeleceu a mudança da sua Sede para o Distrito Federal, o que só ocorre em 01/08/1978.
Assim, somente em 1º de agosto de 1978 é que ocorreu a Instalação do GOB em Brasília. Portanto, o Rio de Janeiro foi sede do Grande Oriente do Brasil de 17 de junho de 1822 a 1º de agosto de 1978, ou seja, o Rio de Janeiro sediou o GOB por cerca de 156 anos e, como enfatizamos anteriormente, destes, 136 foram só no Palácio do Lavradio.
Observamos também que, em 1983, o Grande Oriente do Brasil investia na juventude, ao criar, através da Lei Nº 002, de 15 de abril de 1983, sua grande obra social recente: a Ação Paramaçônica Juvenil (APJ), de âmbito nacional, destinada ao aperfeiçoamento físico, moral e intelectual dos jovens de ambos os sexos, filhos ou não filhos de maçons.
Nesse sentido, destacamos que, a admissibilidade ocorre desde os primeiros tempos, com idade de 07 a 12 anos e de 13 a 21 anos, podendo ser participantes filhas e filhos de maçons e outros jovens de bons costumes, sendo que, todo e qualquer postulante para nela ingressar será submetido a uma entrevista.
Além das ações maçônicas e paramaçônicas, o Grande Oriente do Brasil tem investido também em sua infraestrutura, objetivando o melhor atendimento a todos os Irmãos e Lojas da Federação. Hoje, o GOB possui patrimônio material e imaterial consideráveis em diversos Estados, como no Rio de Janeiro e, principalmente, na Capital Federal, onde sua atual Sede ocupa um grande e excelente complexo arquitetônico, motivo de muito orgulho para todos nós maçons gobianos.
Com quase 3.000 Lojas Maçônicas em atividade e, aproximadamente, 95.000 obreiros ativos, sendo reconhecido por mais de uma centena de Obediências legais e regulares no mundo, o Grande Oriente do Brasil é hoje a maior Potência Maçônica do mundo latino, reconhecida como regular e legítima pela Grande Loja Unida da Inglaterra, a qual completou 300 anos em 24 de Junho de 2017, uma vez que é a sucessora da Grande Loja de Londres.
Cabe destacar também, as atividades mais recentes do Grande Oriente do Brasil junto ao cenário político atual do país. Dessa forma, citamos, a exemplo dessa atuação política, o projeto “ficha-limpa” idealizado pelo Irmão Marlon Reis, encampado pelo GOB, que resultou na Lei Complementar Nº 135/2010, bem como no Manifesto do Grande Oriente do Brasil pela Moralidade da Gestão Pública, de 26 de Março de 2016, através do qual se dispôs a “apoiar incondicionalmente a ‘Operação Lava Jato’.”
Ainda nesse contexto, vale destacar também as palavras do nosso Sapientíssimo Irmão Eurípedes Barbosa Nunes, Grão-Mestre Geral Adjunto do GOB, em seu Artigo nº 269, publicado no Jornal Diário da Manhã, de Goiânia, de 09/04/2016, intitulado “Ser Honesto na Administração Pública não é uma Virtude, é Antes de Tudo um Dever”. Através desse artigo, podemos salientar a participação ativa do Grande Oriente do Brasil nas questões políticas e sociais de nosso país.
Essas ações do Grande Oriente do Brasil são apenas alguns dos compromissos assumidos pelo Soberano Irmão Marcos José da Silva, Grão-Mestre Geral, juntamente com os Eminentes Grão-Mestres Estaduais durante a Suprema Congregação de 2015, firmados através da assinatura da CARTA DE BRASÍLIA.
Assim como na Prancha Circular Nº 008/16, do Grande Oriente do Brasil no Rio de Janeiro, de 04/04/2016, encaminhando a todas as Lojas da Jurisdição, o Manifesto do GOB, no qual ressaltamos, uma vez mais, que a “Administração Pública direta ou indireta, em todos os seus níveis, deverá obedecer aos princípios da LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE e EFICIÊNCIA”, o que se aplica às Loja Maçônicas e nos permite dizer que também é válido para a Maçonaria de um modo geral.
Segundo Cícero, “a História é a testemunha dos tempos, a luz da verdade, a vida da memória, a mestra da vida e a mensageira da antiguidade”. Assim, podemos até afirmar que, a História do Brasil jamais poderá ser contada sem que seja mencionada, e com destaque, a própria história da Maçonaria Gobiana.
Concluindo, uma vez mais ressaltamos que, a História do Grande Oriente do Brasil, que se confunde com a própria História da Maçonaria Brasileira e que se confunde com a História do Brasil, não pode ser esquecida pelo povo brasileiro, muito menos por nós Maçons. Por essa razão, mais uma vez publicamos um texto sobre a História da Maçonaria no Brasil, especialmente a Gobiana, com o propósito de rememorarmos os 195 anos de fundação do Grande Oriente do Brasil, destacando sucintamente alguns dos feitos de nossa Instituição, mas, principalmente, para que esses fatos possam perpetuar em nossos corações, nos servir sempre de inspiração e orgulho por pertencermos a uma Instituição prestes a completar dois séculos de existência e possuidora de uma história fantástica.
Nós somos os herdeiros legítimos dessa bela história, sua preservação e disseminação dependem dos maçons gobianos.
Assim, convidamos a todos os Irmãos de nossa jurisdição a fazermos nossa parte hoje, para que amanhã sejamos lembrados e, talvez, reconhecidos como verdadeiro maçom proativo e virtuoso.
AILDO CAROLINO
GRÃO-MESTRE ADJUNTO
Presidente do CEO

 

You may also like

Leave a Comment