Pedro I e suas Quatro Coroas
Pedro I poderia ter, como nenhum outro monarca, vestido o manto e usado a Coroa de quatro países importantes de sua época.
Vale lembrar que, a família real luso-brasileira tinha ramificações em muitas partes da Europa e isso possibilitou que seus membros entrassem na linha sucessória de vários governos reais pelo mundo a fora.
Todavia, não podemos falar de D. Pedro I sem antes falarmos, mesmo que resumidamente, de D. João VI, seu pai.
Segundo o historiador português Oliveira Martins, quem separou o Brasil de Portugal foi D. João VI, em 16 de Fevereiro de 1815, quando declarou sua independência, elevando-o à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves.
Pouco depois da edição do Decreto assinado por D. João VI, em 1815, o qual elevou o Brasil a condição de Reino Unido, D. Pedro I, então Príncipe real, disse a D. João VI: “Vossa Majestade acaba de lançar, após uma longa navegação, os alicerceis de um Estado que deve ser um dia o primeiro do mundo”.
Acreditamos que tal profecia ainda não se concretizou, por causa de parcela de nosso povo, principalmente da minoria de nossos políticos que efetivamente não dá a mínima para os problemas institucionais do país, muito menos para o nosso povo, portanto, não nos representa. Essa parcela de políticos está preocupada tão somente com seus próprios interesses e isso é lastimável…
Contudo, mergulhando na história de nosso país, temos a grata satisfação de apresentar “D. Pedro I e suas Quatro Coroas”, um luso-brasileiro que amou tanto o Brasil que o fez independente de direito e politicamente, mesmo tendo Portugal como sua terra natal.
É oportuno destacar que, D. João VI então Príncipe Regente, com a morte de sua mãe, D. Maria I, foi coroado Rei de Portugal, Brasil e Algarves, em 1816 e, anos depois, em 1821, partiu para Portugal, deixando aqui, em seu lugar, seu filho, o príncipe D. Pedro.
Pedro I, português de nascimento, tornara-se brasileiro em 1822 (no ano seguinte ao regresso de D. João VI a Portugal), ao proclamar a Independência do Brasil e com o Império, passando a ter dupla cidadania, a qual foi preservada até sua morte.
Vale lembrar que nossa Constituição, então vigente, não proibia que o Imperador conservasse os seus direitos hereditários sobre a Coroa de Portugal, adquiridos pelo nascimento e por ser primogênito, admitindo, assim, a dupla nacionalidade.
Dessa forma, considerando-se os direitos hereditários, após a morte por envenenamento, segundo estudo recente (2000) de um grupo de cientistas e pesquisadores, de D. João VI, em 10 de março de 1826, D. Pedro I foi declarado herdeiro legítimo da Coroa Portuguesa, posteriormente reivindicada por seu irmão, D. Miguel, que chegou a se intitular Rei de Portugal, decorrendo daí uma luta sanguinária entre eles.
Cabe lembrar que, D. João VI também enfrentou intrigas e tentativas de golpes políticos de seu filho, D. Miguel, que tinha o apoio de sua mãe, Dona Joaquina Carlota.
Além da Coroa Portuguesa e a do Brasil, D. Pedro I ainda assumiu mais três:
A Espanha, em três momentos (1826, 1829 e 1830) tentara convencer D. Pedro I a aceitar a Coroa Espanhola, insistindo para ele assumir a tríplice coroa (“La Triplice Corona”): Brasil, Portugal e Espanha.
Entretanto, esta foi, uma vez mais, recusada por D. Pedro, que não admitira sair do Brasil.
Já em 16 de Maio de 1822, período que antecede a Independência do Brasil, Dom Pedro I recebeu um emissário da Grécia, cuja missão era convencê-lo a aceitar a Coroa da Grécia, contudo, ele rejeitou a coroa daquela imortal nação e berço da cultura universal. Era bem possível que ele já estivesse na expectativa de declarar a Independência do Brasil, o que ocorreu em 07 de Setembro do mesmo ano (1822).
Entretanto, há quem afirma que, o dia 07 de setembro foi mera ratificação do que já havia ocorrido em 20 de Agosto em reunião do GOB (Lojas Comércio e Artes nº 001, União e Tranquilidade nº 002 e Esperança de Nictheroy nº 003), sob a presidência de Gonçalves Ledo.
É oportuno lembrar que, existe ainda outra tese, como já mencionada no começo deste texto, de que o início da nossa emancipação política (Independência do Brasil) teria ocorrido em 16 de Dezembro de 1815, quando D. João VI, de fato, elevou o Brasil a categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves (emancipando, assim, o Brasil), e tal fato histórico foi ratificado mais tarde, em 07 de Setembro de 1822, por D. Pedro.
Concluímos que, homenageando e reconhecendo em D. Pedro I do Brasil e D. Pedro IV de Portugal, estamos, sem sombra de dúvidas, exaltando a nossa própria História Nacional e Maçônica.
Portanto, não seria favor nenhum, ainda que de forma singela, exaltarmos aquele que poderia ter sido rei da Grécia ou da Espanha, mas, que dentre essas Coroas, preferiu ser o Imperador do Brasil e, só mais tarde, efetivamente, Rei de Portugal.
Finalmente, conclamamos a todos nós, maçons, para que, em respeito e reverência a esse grande homem que foi D. Pedro I, façamos nossa parte no sentido de, efetivamente, transformarmos o Brasil em “um Estado que deverá ser o primeiro do mundo”.
AILDO VIRGINIO CAROLINO
Grão-Mestre Adjunto