POSSÍVEIS CAUSAS DA EVASÃO MAÇÔNICA
A evasão maçônica mais parece um mal da sociedade moderna. Tem sido constante, não só no Brasil e, sobretudo, no GOB-RJ, mas também em outros Grandes Orientes e em diversos países como, notadamente, nos Estados Unidos da América, que possui um alto índice de evasão.
As causas são as mais variadas, mas, geralmente, elas estão no âmbito da Loja a que pertence o Irmão.
Acreditamos que, a postura do homem maçom deve ser proativa aos desígnios da Ordem, os quais, ao nosso entendimento, devem se assentar nos princípios e valores da Maçonaria. Essa observância, com certeza, inibiria a evasão.
Salientamos que, se faz necessário ter atenção a indicação do candidato. Ao indicarmos alguém para a Ordem, precisamos ter atenção quanto ao nível de nossa indicação, se de fato ela acrescentará valor ou não aos nossos Quadros de Obreiros.
Como sabemos, a Maçonaria é uma instituição universal que possui como finalidade precípua, promover a felicidade a todo ser humano, indistintamente, aprimorando as relações sociais pela tolerância, prudência, pregando a ética e perquirindo a perfeição do nosso caráter. Enaltecer o labor cotidiano, calcando-se na filosofia de pensamento de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, além de abominar a violência e obedecer à Lei.
Assim sendo, o candidato a ingressar na Ordem Maçônica precisa preencher vários requisitos, dentre os quais, ser livre e de bons costumes, além de ter reputação ilibada.
Em relação aos bons costumes, acreditamos ser necessário que tenha uma trajetória de boas atitudes e de valor social consagrado pela tradição, que se impõe aos indivíduos, abrangendo não só o presente, mas também o passado.
Quanto a reputação ilibada, trata-se de conceito público ou fama que o indicado deve possuir, por seus méritos intelectuais ou profissionais, sobretudo éticos e morais.
É por isso que, o padrinho não deve fazer qualquer indicação sem os devidos cuidados, jamais de maneira apressada ou de afogadilho, seria uma grande irresponsabilidade.
Muitos de nós maçons não tem consciência do grande equívoco que estamos cometendo ao, de forma açodada, indicar determinado candidato para a nossa Ordem, sem a devida observação, alguns desses, com absoluta certeza, se fossem melhor avaliados, não teriam condições mínimas de ingressar na Maçonaria e cuja permanência, acaba ensejando a saída de bons e valorosos Irmãos.
Temos que deixar fixado em nossa mente que, não são admitidos quaisquer deslizes para com nossa irmandade, que acolhe fraternalmente, mas exige, além da fraternidade, o comprometimento de todos os Irmãos.
No que tange aos princípios e demais ditames da Ordem Maçônica, não se pode ignorar, sob pena de macular a nossa Instituição.
Temos que ter sempre em mente que, a Maçonaria é coisa séria, não é clube de lazer para brincadeira de reuniões semanais e sim uma prática que visa o bem estar e a felicidade de toda a humanidade.
O ingressante precisa saber que vai entrar para uma instituição séria, trabalhar incansável e diuturnamente em defesa do honesto, do nobre, do reto e do justo. Para tanto, precisamos da união e comprometimento de todos.
Sabemos que, a orientação ou instrução maçônica é de suma importância em uma Loja. Sem a orientação, a Loja será forte candidata ao insucesso. Assim como não se faz uma nação pujante e próspera sem uma educação pública de qualidade para todos, não podemos falar em Maçonaria forte e participativa sem Educação Maçônica.
Entretanto, infelizmente, algumas Lojas não costumam levar tão a séria essa questão, o que é uma pena, mais do que isso, é uma lástima e, sobretudo, um desrespeito com aquele que ingressa na Ordem e, principalmente, com esta.
Temos ainda aquela Loja que, de alguma forma adota a instrução na sua programação, mas tão somente para Aprendizes e Companheiros, se esquecendo do Mestre que em algum momento vai dirigir sua Loja. Como será que ele irá administrar a sua Loja sem estar devidamente preparado?
Por sua vez, muitos Mestres após sua exaltação acreditam que já sabiam tudo de maçonaria, afinal, são Mestres Maçons e, por isso, não precisam mais estudar. Isso é um grande equívoco. Pois, é a partir daí que aumenta sua responsabilidade: ele é o Mestre mas, precisa demonstrar na prática, se realmente o é.
Acreditamos que o homem Maçom deve comportar-se como um espelho da sociedade. Para tanto, o Mestre Maçom tem o dever de preparar-se para tais desafios. Ele precisa conhecer para poder compartilhar conhecimentos Maçônicos, dimensionando sua doutrina, tanto no aspecto teórico como prático.
Na cerimônia de Iniciação, a mais importante da Maçonaria, muitas vezes o que acontece não é a iniciação, mas, ao contrário, uma “desiniciação” e, via de regra, tendo como consequência, uma grande decepção do iniciando, isto é, enorme frustração em relação à Ordem Maçônica que, nada tem a ver com o despreparo e irresponsabilidade desses Irmãos.
Isso não é difícil de entender, uma vez que já aprendemos no nosso dia a dia que só podemos dar, oferecer e transmitir e, portanto, iniciar se estivermos preparados para tal. Quem não tem, não pode dar. Quem não foi ou estiver preparado, não pode proceder (conduzir) ou auxiliar na mais importante cerimônia da Maçonaria, que é a Iniciação.
Como se sabe, em Maçonaria, a iniciação verdadeira é iniciática e tem como principal finalidade transformar o homem profano no homem maçom. Sendo que a verdadeira iniciação não permite ao candidato passar pela liturgia iniciática sem a devida preparação da transmutação do homem profano no homem maçom, concluindo, assim a finalidade da instrução iniciática.
Desta forma, podemos verificar que, a quase totalidade dos Irmãos que se afastaram da maçonaria não passou pelos ditos exames, ou seja, inicialmente numa prudente indicação, uma boa sindicância e uma correta iniciação. Além disso, a desunião em Loja, tendo em vista questões políticas maçônicas, incompetências administrativas e ausências de instrução ou orientação maçônica, são os principais fatores causadores da evasão.
Podemos citar, como possíveis causas da evasão maçônica, os pontos a seguir: Indicação de candidato sem a necessária observação e pesquisa sobre o seu perfil; Sindicância sem qualquer critério, feitas por Irmãos despreparados; Iniciação que mais parece uma desiniciação, realizadas por Veneráveis e demais membros da equipe, sem saber o que estão fazendo e porquê de o fazer, provocando situações absolutamente desconfortáveis e constrangedoras para o iniciando; Ausência de orientação ou instrução ou quando se tem, porém, costuma ser de forma precária e sem fundamento; Rivalidade política-administrativa na Loja, geralmente após eleições da Administração; Incapacidade financeira do Irmão.
Além desses pontos, também podemos notar, a partir das frustações que um dos maiores problemas da evasão maçônica é provocado por expectativas não atendidas.
Geralmente, o candidato chega com uma expectativa muita alta e acaba se decepcionando muito cedo com o que encontra na Loja.
Portanto, acreditamos que, para melhorar a qualidade da prática maçônica e inibir a evasão, será preciso mudar nossas atitudes desde antes do início do processo de Iniciação ou ingresso na Ordem.
O maçom é, como se sabe, essencialmente um livre pensador e é, principalmente, aí que fica evidenciado a sua enorme responsabilidade com a Ordem e com a humanidade, através do comprometimento e exemplo.
É preciso que observemos, além dos princípios, a nossa doutrina e estejamos unidos e comprometidos com o bom nome da maçonaria.
Lembramos que, a iniciação sem a seriedade e a responsabilidade necessárias, reflete em uma ausência total de comprometimento, acorrentando graves consequências.
Sindicâncias mal realizadas, sem o zelo necessário na sua execução, avaliação destorcida do candidato que não preenche as condições necessárias para ingressar em nossa Ordem, com certeza poderão acarretar prejuízo à Loja e, em consequência, à Maçonaria. Também, a ausência de instrução ou orientação maçônica na Loja, trará enorme prejuízo.
Desunião maçônica em razão de rivalidade administrativa e política, também podem ser apontadas como causas desse processo de evasão.
Dessa forma, sugerimos implementar mudança a partir de tudo o que foi detectado, como danosa a nossa Ordem, a começar pela indicação de candidatos.
O Maçom é, em tese, como já dissemos, essencialmente um livre pensador e, por isso mesmo, fica evidenciada a sua imensurável responsabilidade junto à Ordem e à sociedade. Portanto, o maçom não é qualquer um. É um Homem Maçom e isso faz dele um homem justo e perfeito.
Assim sendo, é a hora de todos nós juntos buscarmos mais União e Comprometimento para que possamos ser cada vez mais individual ou coletivamente reconhecidos como bom exemplo, como paradigmas da sociedade.
Concluindo estamos aqui para sensibilizar os Irmãos para que, juntos, possamos alcançar o ideal de comprometimento maçônico e, quem sabe, buscar a correção de rumos quanto a evasão maçônica e até mesmo tentar revertê-la. Juntos, podemos muito mais!
AILDO VIRGINIO CAROLINO
Grão-Mestre Adjunto
Presidente do CEO