História Resumida do Grande Oriente do Brasil
Tendo em vista que, no dia 17 de Junho de 2015 comemoraremos os 193 Anos de Fundação do Grande Oriente do Brasil, decidimos revisitar sua História.
Podemos dizer que, a Maçonaria no Brasil se confunde com a fundação do Grande Oriente do Brasil. Contudo, cabe-nos lembrar que, anterior a constituição formal de uma Loja Maçônica, tal como conhecemos hoje, inicialmente surgiram grupamentos secretos, que funciona-vam de forma muito semelhante à Maçonaria. O funcionamento desses grupos ocorria em espécies de clubes ou academias, sendo que o mais importante dessa época foi o Areópago de Itambé (1796), o qual teve o insigne Arruda Câmara como seu mais ilustre fundador.
Vale dizer que, a Maçonaria Brasileira nos moldes atuais, teve início em 1797 com a Loja Cavaleiros da Luz, na povoação da Barra, em Salvador, Bahia. Tivemos ainda, no Rio de Janeiro, a fundação da Loja União, em 1800, sucedida pela Loja Reunião em 1802 e, posteriormen-te, pela Loja Commercio e Artes, que nasceu em 15 de Novembro de 1815.
Contudo, cabe destacar que, no Rio de Janeiro, em 1822, quando a campanha pela independência do Brasil se tornava mais intensa, é que iria ser criada sua primeira Obediência, com Jurisdição nacional e, exatamente, com a incumbência de levar a cabo o processo de emanci-pação política do país.
Dessa forma, em 17 de junho de 1822, formado por três Lojas do Rio de Janeiro: Commercio e Artes, União e Tranquilidade e Esperan-ça de Niterói, resultantes da divisão da primeira, surgiu o que é hoje o Grande Oriente Brasil, a maior potência maçônica da América Latina.
O Grande Oriente do Brasil teve, como seus primeiros mandatários José Bonifácio de Andrada e Silva, ministro do Reino e de Estran-geiros e Joaquim Gonçalves Ledo, Primeiro Vigilante. Todavia, em 04 de outubro de 1822, já após a declaração de Independência de 07 de Setembro, José Bonifácio foi substituído pelo então príncipe regente e, logo depois, Imperador D. Pedro I, cujo nome maçônico era Guatimo-zim.
Cabe ressaltar que, D. Pedro I suspendeu os trabalhos do Grande Oriente, a 25 de outubro de 1822, diante da instabilidade dos primei-ros dias de nação independente e considerando a rivalidade política entre os grupos de José Bonifácio e de Gonçalves Ledo (que se destacava, ao lado de José Clemente Pereira e o cônego Januário da Cunha Barbosa, como o principal líder dos maçons).
Dessa forma, somente em novembro de 1831, após a abdicação de D. Pedro I, ocorrida a 07 de abril daquele ano, é que os trabalhos maçônicos retornaram com força e vigor, ocorrendo, inclusive, a reinstalação da Obediência, sob o título de Grande Oriente do Brasil, que nunca mais suspendeu as suas atividades.
Instalado no Palácio Maçônico do Lavradio, no Rio de Janeiro, a partir de 1842, e com Lojas em praticamente todas as províncias, o Grande Oriente do Brasil logo se tornou um participante ativo em todas as grandes conquistas políticas e sociais do povo brasileiro, fazendo com que sua História se confunda com a própria História do Brasil.
Assim, através de homens de alto espírito público, colocados em patamares importantes da atividade humana, principalmente em segmentos formadores de opinião, como as Classes Liberais, o Jornalismo e as Forças Armadas, principalmente, o Exército.
Ressaltamos que, o Grande Oriente do Brasil teve, a partir da metade do século XIX, atuação marcante em diversas campanhas sociais e cívicas da nação. Nesse sentido, destacamos, por exemplo, sua importante atuação na campanha pela abolição da escravatura no país, con-seguindo a aprovação de leis que combateram, paulatinamente, o escravagismo, o que culminou na Abolição da Escravatura, em 13 de maio de 1888.
Vale lembrar ainda que, a Campanha Republicana, que pretendia evitar um terceiro reinado no Brasil e o colocar na mesma situação das demais nações centro e sul americanas, também contou com intenso trabalho maçônico de divulgação dos ideais da República, nas Lojas e nos Clubes Republicanos, espalhados por todo o país. Desse período, destacamos, tanto na história do Brasil quanto na do próprio GOB, a importante atuação do maçom Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente da República, que também viria a ser Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.
No início do Brasil República, foi notória a participação do Grande Oriente do Brasil na evolução da política nacional, por exemplo, através de vários presidentes maçons: além de Deodoro, tivemos Marechal Floriano Peixoto, Prudente de Morais, Campos Sales, Rodrigo Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Pereira Gomes, Washington Luiz, João Café Filho e Jânio da Silva Quadros.
Destacamos também, a atuação do Grande Oriente do Brasil durante a 1ª Grande Guerra Mundial (1914 – 1918), que apoiava a entra-da do Brasil no conflito, ao lado das nações amigas; e que, mesmo antes dessa entrada, já enviava contribuições financeiras à Maçonaria Fran-cesa, destinadas ao socorro das vítimas da guerra.
Ressaltamos que, mesmo com uma cisão ocorrida em 1927, que originou as Grandes Lojas Estaduais brasileiras, o Grande Oriente do Brasil continuou como ponta-de-lança da Maçonaria Brasileira e com forte atuação em diversas questões nacionais.
Observamos que, em 1983, o Grande Oriente do Brasil investia na juventude, ao criar a sua máxima obra social: a Ação Paramaçônica Juvenil, de âmbito nacional, destinada ao aperfeiçoamento físico, moral e intelectual dos jovens de ambos os sexos, filhos ou não filhos de maçons.
Além das ações maçônicas e paramaçônicas, o Grande Oriente do Brasil tem investido também em sua infraestrutura, objetivando o melhor atendimento a todos os Irmãos e Lojas da Federação. Hoje, o GOB possui patrimônio considerável em diversos Estados, como no Rio de Janeiro e, principalmente, na Capital Federal, onde sua atual Sede ocupa um grande e excelente complexo arquitetônico.
Com aproximadamente 3.000 Lojas Maçônicas em atividade, cerca de 80.000 obreiros ativos e, sendo reconhecido por mais de uma centena de Obediências regulares do mundo, o Grande Oriente do Brasil é hoje a maior Obediência Maçônica do mundo latino, reconhecida como regular e legítima pela Grande Loja Unida da Inglaterra.
Finalmente, segundo Cícero, “a História é a testemunha dos tempos dos tempos, a luz da verdade, a vida da memória, a mestra da vida e a mensageira da antiguidade”. Assim, podemos concluir que, a História do Brasil jamais poderá ser contada sem que seja mencionada, e com destaque, a própria história da Maçonaria Brasileira.
AILDO VIRGINIO CAROLINO
Secretário Estadual de Gabinete
Secretário Estadual de Gabinete